segunda-feira, 22 de agosto de 2011

QUALIDADE NA EDUCAÇÃO É SINÔNIMO DE CONCRETIZAÇÃO DOS META-PILARES



Em toda a história da educação sempre se falou muito sobre o direito que as pessoas deveriam ter, porém pouco se fez e se faz sobre ela, vimos os descasos que acontecem em nossas escolas e a realidade educacional deixa a desejar não apenas na quantidade, como também na qualidade.
Permitir o acesso do maior número de sujeitos à educação seria suficiente para sanar todos os problemas educacionais, sociais e econômicos? O que significa efetivamente “Educação Para Todos”? (RAMOS, 2009)
Quando pensamos em acesso de todos logo nos vem à mente qualidade em primeiro lugar, ambiente físico com estruturas adequadas para receber uma grande demanda de alunos. Professores qualificados comprometidos com seus alunos e não estressados e cansados por ter que trabalhar em vários lugares para poder dar conta de suas próprias vidas.
A questão em torno da qualidade da educação passou a ganhar maior notoriedade internacional entre os estudiosos apenas recentemente. Ilustram bem este fato os tratados e acordos internacionais firmados entre várias nações até a década de 1990, que invariavelmente foram omissos com relação à qualidade do desempenho dos sistemas educacionais e às expectativas sobre como devem e podem atender tais objetivos. (UNESCO, 2005, p.28)  
A qualidade da educação envolve múltiplas dimensões fora da escola que podem ser classificadas, como o ambiente socioeconômico e cultural dos envolvidos no processo educativo e o compromisso do Estado com a garantia do direito à educação de todas as crianças, jovens e adultos. Já as dimensões dentro da escola envolvem diversos fatores, como a gestão e a organização do trabalho escolar, a formação docente e a ação pedagógica, as condições de acesso, a permanência e o bom desempenho para todos.
Seja como for, parece evidente que a questão da qualidade em educação é ainda muito controversa no que se refere à sua centralidade – fato este que, entre outras coisas, contribui para o seu obscurecimento nos debates contemporâneos até recentemente. (RAMOS, 2009)
Fala-se muito em qualidade em educação, porém não adianta pensarmos em soluções isoladas e de curto prazo. Ao mesmo tempo em que se pensa em aumentar o investimento em educação, há urgência na formação de gestores escolares, em um sistema de avaliação que permita melhorar a prática docente, bem como na formação e nas melhorias das condições de trabalho do professor e em um projeto pedagógico adequado.
Como se pode perceber, a abordagem da UNESCO para qualidade centra-se na figura do aluno, mas sem esquecer o meio que o circunscreve. Ademais, ela reconhece que, em parte, o fracasso no desenvolvimento de muitas crianças que, frequentam a escola é devido a uma deficiência na qualidade da educação (UNESCO, 2003, 2005)
A deficiência na educação existe foi detectada, mas como melhorar o que está faltando está longe de ser resolvido. Muito fácil apontar o que falta, porém achar soluções torna-se difícil pelo menos para um sistema que não quer resolver.
A qualidade na educação é discutida por estudiosos ao longo da história, entretanto fechar os olhos e continuar cometendo os mesmos erros economiza tempo e dinheiro para os que se dizem preocupados com a qualidade.
Já no que diz respeito à qualidade em educação, a agenda behaviorista compreende as seguintes premissas: defesa dos currículos padronizados, definidos externamente e controlados, com base em objetivos determinados e definidos independentemente do aluno; a avaliação é entendida como uma medida objetiva do comportamento aprendido, tomando como referência critérios de avaliação previamente estabelecidos; testes e exames são considerados elementos centrais da aprendizagem, e os principais meios de planejamento e de distribuição de recompensas e punições; e, por fim, o professor dirige a aprendizagem, como especialista que controla os estímulos e as respostas. São favorecidas tarefas de aprendizagem gradual, que reforçam associações desejadas na mente do aluno (UNESCO, 2005, p.33). Novamente a escola dita e reproduz o que o poder quer. Tudo de acordo com o sistema e o aluno que deveria ser o centro desse processo acaba simplesmente como o reprodutor de saberes construídos e decorados vindos de uma escola que ainda insiste em fechar os olhos para o mundo que aí está e viver à mercê de uma política que faz o que bem quer com sua sociedade.
Desconstruir o que nos foi imposto é muito difícil, mas não impossível se realmente lutarmos por qualidade na escola e percebermos que as mudanças só irão ocorrer se os sujeitos se tornarem pessoas preocupadas com o que e para que necessitem aprender. Elevar-se culturalmente para que ocorram as mudanças na sociedade que vivemos e possamos usar de nossos conhecimentos para que não sejamos mais passados para trás por aqueles que estão no poder.
Eis a grande função da escola, provocar em seus alunos o desejo de conhecer para poder usar desse conhecimento no mundo que vive.
A partir das considerações, os sociólogos e pedagogos críticos tendem a associar a educação de qualidade à educação capaz de inspirar mudanças sociais; a um currículo e métodos de ensino que estimulam a análise crítica das relações de poder social e das maneiras pelas quais o conhecimento formal é produzido e transmitido; e, ainda, à participação ativa dos alunos na elaboração de sua própria experiência de aprendizagem (UNESCO, 2005, P. 33). Refletindo sobre a primeira frase do parágrafo acima cito uma frase bem pertinente de Cramsci que diz: “O problema da escola é não colocá-la como problema da sociedade”. 
E acontece exatamente isto a grande maioria na educação não se percebe capaz de fazer mudanças na sociedade e vive sempre em função dela. Se não ficarmos indignados para observar com nossos alunos o que acontece na sociedade não haverá mudanças.
Tudo o que fazemos na escola são reflexos da sociedade e tudo irá refletir na sociedade, pois fazemos parte dela não como meros expectadores, mas como sujeitos que constroem e vivem nela.
 A qualidade está na postura do professor e como ele decide interagir na sala de aula com seus alunos.
Deve-se pensar numa educação onde o aluno vai produzir conhecimento, e não decorar o que foi passado sem planejar o quanto será significativo para o aluno conhecer determinado assunto.
Poderia ter se alcançado caminhos melhores na educação se o professor analisasse e fizesse uma profunda reflexão do seu processo de escolarização e a partir daí refizesse o seu próprio caminho mudando o caminho de seus alunos, mas infelizmente o que se percebe é que muitos repetem voltando pelo caminho que já passaram e refazendo os mesmos erros que foram feitos com ele.
Outro ponto importante é a formação do professor, jamais podemos pensar que a formação acadêmica ou pior ainda que a primeira formação para o exercício do magistério seja suficiente para poder enfrentar todos os obstáculos que surgem na sala de aula.
O professor mesmo que muitos não queiram perceber precisa de formação constante, o mundo muda a todo o momento, o que era já não é mais e por isso não se pode ensinar o que nos foi ensinado quando íamos ao ensino fundamental ou adotarmos a mesma postura que nossos professores tinham conosco, hoje temos pessoas diferentes no modo de pensar e agir.
Se quisermos ser professor temos que ter intencionalidade de romper, construir sentido para aquilo que se faz na escola.
A escola é um grande laboratório que precisa viver em constante pesquisa, troca, perguntas construídas e ao mesmo tempo desconstruídas para que se façam novas perguntas, aceitação do novo e do diferente e com uma avaliação que se aprenda com os erros e se busque melhorar e aperfeiçoar o que não foi alcançado no primeiro momento.
Escola é vida, construção de conhecimento que deve ser socializado entre os membros que nela atuam – família, alunos, funcionários, gestores, professores enfim a sociedade, porque somos a sociedade e precisamos nos dar conta que uma educação de qualidade precisa ter uma base sólida e que o interesse não brota, ele é produzido e o aluno tem que ser convidado para viver o processo construído todos os dias.
Segundo Paulo Freire: Aprender não é entrar na cabeça é saber pensar a partir daquela ideia. Incorporar aquele pensamento.


                                                                Rosania Soares Carminati
                                                               


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